terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Práticas pedagógicas inclusivas em aulas de Física

Felizmente, existem vários exemplos estudos de práticas pedagógicas inclusivas em aulas de ciências. Dessa forma, o professor que possui alunos com deficiência pode consultar diversos materiais disponíveis na literatura. Nesta postagem, será feito um relato sobre uma prática inclusiva desenvolvida com alunos do curso de Licenciatura em Física.
Grande parte dos recursos metodológicos tradicionais adotados pelos professores de ciências são baseados na comunicação audiovisual. O docente se vale desses sentidos para ensinar ciências, pois expõe o conteúdo que está ensinando com esquemas visuais e também utiliza a fala para explicar os esquemas utilizados em sua exposição. Um aluno que tenha deficiência visual ou auditiva certamente teria o seu aprendizado prejudicado caso estivesse imerso em um ambiente de aprendizagem deste tipo. Sabe-se que, mesmo os estudantes sem quaisquer limitações físicas podem não aprender um determinado assunto de maneira adequada quando o professor utiliza apena recursos expositivos.
O professor Eder Pires de Camargo, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) do campus de Ilha Solteira, no seu livro Saberes docentes para a inclusão do aluno com deficiência visual em aulas de Física relata que a abordagem expositiva tradicional pode limitar o aprendizagem de alunos com ou sem deficiências. Neste caso, uma abordagem que explore vários sentidos simultaneamente pode viabilizar o aprendizado propiciando ao aluno novas percepções, como por exemplo o tato. Neste livro, o professor Eder mostra que vários conceitos científicos pode ser ensinados pois independem da visão.
O professor Eder passou a trabalhar o significado das palavras através de percepções, que não se limitam apenas à visão e à audição, o que veio a chamar de linguagem semântico-sensorial. Essa abordagem permite a inclusão de todos alunos em atividades desenvolvidas nas aulas de física. Entretanto, para promover atividades inclusivas desta natureza, os professores deverão possuir determinadas habilidades.
Os saberes necessários aos docentes para trabalhar com percepções multissensoriais ficam mais claros quando o professor levou sua pesquisa para a sala de aula do ensino básico. Em sua pesquisa, o professor Eder propôs aos alunos do curso de licenciatura em Física da Unesp de Bauru a preparação de minicursos temáticos de Física (ótica, eletromagnetismo, mecânica, termologia e física moderna) que contemplasse alunos com sem deficiências. Esses minicursos foram aplicados para trinta e sete alunos de duas escolas da cidade de Bauru, onde dois eram cegos.


#PraCegoVer: Figura em colorida mostrando o fenômeno da dispersão da luz, onde um prisma de acrílico, segurado por uma pessoa tem um barbante branco na sua face direita simulando a entrada da luz branca e outros barbantes coloridos espaçados entre si simulam a dispersão da luz branca nas cores do arco-íris.


A pesquisa mostrou que uma das principais barreiras neste estudo foi a comunicação. A abordagem dos conceitos físicos discutidos ainda é calcada na relação audiovisual. Os professores ainda são bastante influenciados por esse sentido e sentem grandes dificuldades na descrição matemática de conceitos físicos. Em contrapartida, o uso de materiais alternativos podem favorecer significativamente a aprendizagem de física.

Bibliografia
CAMARGO, Eder P. Saberes docentes para a inclusão do aluno com deficiência visual em aulas de Física. São Paulo: Editora Unesp, 2012. 276 p.